Uma das figuras que Jesus usou para ensinar um pouco mais sobre a nossa missão no mundo é a de sermos o sal da terra. Ele nos chamou para dar sabor a um mundo "sem gosto", para deixar as pessoas com sede da Água Viva, para conservar, preservar, dentre muitos outro significados que essa profunda comparação pode ter.
Neste último domingo, ouvi uma frase que me levou a pensar muito sobre isso: "a igreja tem sido o sal que fica no saleiro". A igreja não tem se misturado, antes tem preferido se fechar a um grupo e, por consequência, tem falhado totalmente na missão de ser o sal...
Existe toda a questão da necessidade de evangelizar e tudo mais, mas o que mais me enstristesse quando penso nisso é ver que a igreja não se identifica com o ser humano. Fico muito triste quando um cristão olha pra uma prostituta, um assassino, um político corrupto ou qualquer outra pessoa que faça alguma coisa que não esteja na nossa lista de "pecadinhos socialmente aceitos" como se ele mesmo fosse feito de alguma coisa diferente, como se nele houvesse maior dignidade do que nos demais... Nos esquecemos que a única coisa que faz com que não sejamos pecadores da pior espécie é a Graça de Deus, é o fato de que um dia tivemos o privilégio de conhecer a Cristo, que nos ensinou a aprovar o que é excelente, pagou a nossa dívida e nos deu o Espírito Santo, que é o único responsável por alguma coisa boa que possamos ter. Gosto muito de uma frase do pastor Mark Discroll, que diz que "não existem homens bons e homens maus. Existem homens maus arrependidos e homens maus não arrependidos."
Um testemunho que impactou muito a minha vida foi a de uma senhora da minha igreja por quem eu tenho uma profunda admiração. Pra mim ela é uma daquelas mulheres de quem a bíblia fala, que não se enfeitam com jóias e penteados complicados, mas com as boas obras. Ela realiza um trabalho de evangelização com prostitutas e, certa vez, houve um certo espanto da parte de alguém por isso... "como a senhora, uma mãe de familia tão distinta pode frequentar esses lugares, se misturar com pessoas assim?" ela disse que a única coisa que a tornava diferente daquelas mulheres era a Graça de Deus. Que belo testemunho... Além disso ela também evangeliza em presídios e contou que certa vez estava próxima à delegacia quando havia uma certa movimentação pela captura de um possível estrupador... Ela estava indo embora quando o Senhor lhe tocou no coração para que ela voltasse, fosse ao carro em que este estava detido e compartilhasse a mensagem do evangelho com ele. E foi o que ela fez. Quantos de nós se identificaria e se compadeceria de um estrupador? Quantos de nós teria essa sensibilidade?
Me lembro que quando entrei na faculdade, uma das minhas maiores preocupações era a de não perder a minha fé... Todos sabem que o ambiente universitário talvez seja um dos mais hostis, muitas festas, sexo, drogas, ateísmo, filosofias e idéias que contradizem completamente os ensinamentos de Deus... e na minha aversão a essas coisas, acabei me tornando uma pessoa completamente isolada! não participo de nada e os poucos amigos que tenho na faculdade são cristãos também... Aí eu perguntou, que diferença eu tenho feito na vida dessas pessoas? A minha preocupação de não ir a uma festa, com medo do "testemunho" que isso poderia dar, do que as pessoas da igreja pensariam de mim, foi maior do que a missão de amar essas pessoas, de me compadecer delas, de não me importar com que os outros pensam e de abrir mão do estilo de vida que é mais confortável pra mim por causa delas... Eu acabei ficando dentro do saleiro... =/
E o que dizer do exemplo do nosso próprio Mestre, de quem dizemos ser povo, embaixadores, imitadores... Aquele que olhou para as multidões e se compadeceu delas, porque andavam aflitas como ovelhas sem pastor (Mateus 9:36)... Aquele que era conhecido como amigo dos cobradores de impostos e pecadores (Mateus 11:19), que era o próprio Deus mais se identificou com o ser humano a tal ponto de se fazer um deles, de habitar entre nós, cheio de Graça e de Verdade (João 1:14)...
Quero terminar fazendo do desejo de Paulo, o meu também:
"De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai."
Filipenses 2: 5 -11
Com amor,
Karina Lins